O desafio dos "Ser escritor é cool" continua a estimular a criação de textos originais. Desta vez partilhamos um trabalho escrito a seis mãos, pela Inês, Joana e Margarida do 10A. Parabéns pela vossa colaboração!
Está escuro, o vento bate estrondosamente nas janelas e a chuva inunda o jardim. Estou deitada na minha cama, a ouvir o som dos relâmpagos e a ver os raios luminosos, que iluminam a noite fria. A casa está silenciosa. Todos dormem, exceto eu. Estou preocupada com o meu cão, pois está lá fora e deve estar ainda mais assustado e com mais frio do que eu.
Até que… ouço a maçaneta da porta rodar suavemente. Parece que alguém quer entrar sem querer acordar-me. Começo a tremer da cabeça aos pés. O medo invade-me. Quem virá lá? Ao fim de uns segundos, a porta abre-se. Não entra ninguém, apenas ouço um leve sussurro que me chama. "Aliiice…" Levanto-me e sigo-o, não sabendo bem porque o estou a fazer. Ele quer que eu saia de casa, por isso pego num casaco e saio. Felizmente, parou de chover. Apesar da lua cheia brilhar intensamente, reparo que não há luz na cidade, o que me deixa assustada, ao pensar se as sombras que me perseguem são reais ou pertencem à minha imaginação. Continuo a caminhar cuidadosamente, quando ouço um uivo. Subitamente, um estrondo atrás de mim faz-me virar, e vejo que um poste de eletricidade está estendido no chão. Chego-me mais perto. Consigo observar uma estranha marca na parte inferior, parece… uma dentada de lobo, apesar de não estar nada nem ninguém aqui perto. Sinto lágrimas a escorrer pela minha cara, só de pensar que podem andar lobos à minha volta. Ou pior… lobisomens. Nem sei o que faria se visse um, porque lobisomens e vampiros são os monstros de que tenho mais medo. Permaneço imóvel, sem conseguir mexer um dedo. Apenas o meu cabelo esvoaça. Começam a ouvir-se pequenos ruídos e cada vez aparecem mais sombras ao meu redor, que passam por mim sem deixar rasto. Repentinamente, uma delas desperta-me a atenção, pelo simples facto de não parecer uma sombra, mas sim algo real. Tento dar um passo e, finalmente, consigo. Então, mal viro a esquina, por onde esta seguiu, vejo os dentes brilhantes e as patas peludas de um lobisomem. Acelero o passo. Corro. A dada altura parece que estou a voar, e não paro. Simplesmente tento voltar para casa, porque finalmente percebi que talvez tenha sido uma péssima ideia sair sozinha, a estas horas da noite. Corro ainda mais. Corro até sentir que enfiei a cabeça numa barriga macia. E, assim que levanto o olhar, um vampiro olha-me nos olhos e sussurra "Quero sangue." Este é, sem dúvida, o pior dia da minha vida. Não sei mesmo o que fazer, a não ser esperar que seja um pesadelo. Enquanto tal não acontece, só reparo nos dentes afiados a chegarem perto do meu pescoço.
O
despertador toca: 7:00. Está na hora de me levantar, para ir para a escolinha.
Arranjo-me e, antes de sair de casa, passo pelo jardim, como sempre, para me
despedir do meu cãozinho. No entanto, surpreendentemente, o portão está aberto
e ele está a entrar. Que estranho… Que eu saiba, ele costuma passar a noite na
casota…
– Filha, vais chegar atrasada!
Parece que tenho de ir andando, este mistério terá de ficar para mais tarde…
Depois de
um dia atarefado na escola, chego a casa. Faço os trabalhos de casa, janto e,
depois de os papás me contarem uma história, vou para a cama. Só espero que
esta noite não tenha outro pesadelo...
Estou à
porta de casa, na rua. O meu cérebro ordena-me que dê meia volta e volte para
dentro, mas as minhas pernas agem sozinhas e começam o caminho, até à praça da
cidade. A noite está fria, tal como a anterior, porém não chove, nem troveja. A
lua cheia brilha novamente e consigo ouvir alguns ruídos, possivelmente devido
à grande ventania. Em todos os edifícios há cartazes de Halloween que, tenho de
admitir, se tornam um pouco assustadores à luz do luar. Todavia, continuo o meu
caminho pela cidade, tentando ignorar tudo à minha volta, concentrando-me
apenas no meu objetivo: chegar à praça principal. Mas, agora que penso, porquê
a praça principal? Porque não uma rua, um café, um parque...? O meu cérebro
está a fumegar, parece que alguém o está a controlar, que alguém se enfiou lá
dentro e agora dá as ordens por mim. Estou preocupada.
Assim que chego à praça,
fico surpreendida, ao encontrar o meu cão a observar a lua cheia. De repente,
os seus membros começam a crescer e a sua cabeça a aumentar de tamanho.
Assusto-me e questiono-me no que ele se estará a transformar, quando o ouço a uivar. Nesse mesmo instante, apercebo-me que estou diante de um lobisomem. Começo a correr, em direção à minha casa, sem me atrever a olhar para trás. Os meus olhos nem acreditam no que acabaram de ver…
Reconheço
a minha casa lá bem no fundo da rua. Mal entro, reparo que as luzes estão
acesas, o que significa que os meus pais não estão a dormir. Subo,
apressadamente, as escadas, para lhes contar o que acabei de descobrir acerca
do nosso cão. Antes de abrir a porta do quarto deles, escuto um ténue silvar.
Abro a porta. Não pode ser real: no tapete, um veado encontra-se deitado,
enquanto os meus pais se alimentam do seu sangue. Ao que parece, a minha
família sempre foi o que eu mais temia, sem eu nunca suspeitar…
– O que estás aqui a fazer? - pergunta o meu pai.
– Não deverias estar a dormir? - questiona a minha mãe.
Estou tão assustada que não sai uma única palavra da minha boca. Inesperadamente, o meu
pai encaminha-se para mim, enquanto os seus dentes pontiagudos brilham à luz do candeeiro.
O despertador toca: 7:00. Tudo não passou de um mero pesadelo, nunca me senti tão aliviada. Levanto-me e sigo até à casa de banho. Lavo a cara e, ao passar a toalha, sinto algo doloroso no meu pescoço. Ergo a cabeça, olho-me ao espelho e reparo em duas enormes mordidelas, profundas, além de que a minha cara está mais branca do que neve. O que significa isto? Haverá alguma possibilidade de o meu pesadelo ter sido real e de agora eu ser uma VAMPIRA?
– Alice, vem tomar o pequeno-almoço, são quase horas de saíres!
– Já vou, mamã, já vou...
Afinal, será que andam por aí
vampiros e lobisomens, ou será que são mesmo só imaginação nossa? Deixamos ao
critério de cada um, mas tenham cuidado, pois alguém pode surpreender-vos…
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