Divulgamos um dos trabalhos selecionados para o primeiro desafio do concurso.
Parabéns à Inês A., do 9º ano, pelo seu empenho!
A pior guerra
Com o passar dos anos, o nosso segredo é cada vez mais
esquecido. Todos nós vivemos numa pequena vila no coração da floresta, apenas
nos afastamos para nos abastecermos de alimentos, mas com cuidado. Nós,
lobisomens, sempre fomos muito chegados à nossa espécie. Como não temos muitos
vizinhos, vivemos tranquilos. Mas com a chegada do inverno, tudo muda.
Cristofe, o nosso chefe, está sempre de vigia nas margens do
rio. Normalmente, esta época do ano é sempre a mais temida. É a chegada dos
vampiros, os nossos inimigos. As colónias deles querem sempre o nosso lugar na
floresta, mas o chefe nega os acordos vindos dos mesmos.
De uns dias para cá, percebi que as nossas tropas se
juntaram, mas, no início, não entendia o motivo. O chefe não sai de casa há já
alguns dias e, sempre que entra o alfa das tropas, só sai passado algumas horas.
Sei que se passa alguma coisa, isto já aconteceu antes, quando alguns humanos
nos descobriram e tentaram acabar com a nossa espécie, mas as tropas
conseguiram afastá-los daqui. No entanto, com os vampiros é diferente! Eles são
fortes e em grande quantidade. Sempre que acontece alguma batalha, o meu
coração acelera. Tenho medo do que poderemos perder e termos de abandonar a
nossa casa e os membros da alcateia … Mas como a minha mãe diz, pensar positivo
ajuda na força e confiança, e mesmo não pertencendo ao nosso exército, tenho fé
nele.
A noite sempre é a mais temida. Nunca se sabe se eles vão
atacar ou não. Nunca consegui pregar o olho desde que os sons aterrorizantes e
dos gritos começaram a preencher a vila. Esta guerra está em pé há mais de duas
semanas e parece que nunca mais acaba! Só sei que irá ficar um enorme espaço
vazio na alcateia e no coração de todos…
O tempo passa como um caracol, o desespero das famílias
aumenta e a ansiedade cresce à medida que os dias passam. As únicas cores agora
vistas são preto e branco. Parece que tudo está a andar em câmara lenta e tudo
que ouvimos é os choros das famílias a implorar para que os seus parentes
voltem para casa salvos, ou os choros das famílias ao saberem que perderam um
parente na guerra.
Tudo se tornou a própria solidão e está cada vez mais triste.
A nossa única esperança reviveu apos o chefe anunciar à vila que iria falar na
praça.
- Famílias! A guerra terminou e é com enorme prazer que digo
que vencemos! A alegria voltou. Os gritos de felicidade foram acionados e o
desespero desapareceu. O pesadelo acabou e poderemos continuar nas nossas
casas. Contudo, para algumas famílias, ficara a casa incompleta.
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